Comer e Cozinhar na Idade dos Metais

A chamada Idade dos Metais corresponde a um extenso período que se estende de aproximadamente 7.000 anos atrás até o surgimento da escrita, cerca de 3.300 a.C. Nessa fase, a humanidade desenvolveu a fundição e o uso sistemático de metais como o cobre, o bronze e, posteriormente, o ferro, com impactos profundos na produção de alimentos, nos utensílios domésticos e na organização social.

A metalurgia e a transformação dos utensílios culinários

Com o domínio da metalurgia, especialmente do cobre e depois da liga de bronze (composta de cobre e estanho), o ser humano passou a confeccionar instrumentos mais resistentes e eficientes para o trabalho agrícola, a caça e, notadamente, para a preparação de alimentos. Utensílios metálicos como facas, pás, colheres e caldeirões tornaram-se comuns, substituindo gradualmente aqueles feitos de pedra, cerâmica ou madeira.

Esses novos recipientes de metal, além de mais duráveis, apresentavam melhor condução de calor, o que otimizava os processos de cocção. Alguns caldeirões eram colocados diretamente sobre o fogo, enquanto outros eram posicionados sobre carvões em fossos ou em fornos de cerâmica compactada. Isso permitiu maior controle sobre o preparo dos alimentos e favoreceu o desenvolvimento de técnicas culinárias mais sofisticadas.

A revolução agrícola e a formação das aldeias

O domínio sobre o fogo, os metais e a agricultura favoreceram o surgimento das primeiras aldeias permanentes entre 7000 e 6000 a.C., especialmente em regiões de clima ameno e solo fértil, como os vales fluviais. Nesses locais, a produção agrícola superava o consumo imediato, gerando excedentes que impulsionaram trocas comerciais e a especialização do trabalho.

O Crescente Fértil, região que compreende partes do atual Irã, Iraque, Turquia, Síria, Líbano, Israel, Jordânia e Egito, destacou-se como o berço dessas primeiras aglomerações humanas. O cultivo de cereais como o trigo e a cevada, a domesticação de animais e a fabricação de fornos possibilitaram um novo modo de vida mais sedentário e produtivo, embora a maioria da humanidade ainda permanecesse nômade ou seminômade.

Como aponta Toussaint-Samat (2003), o desenvolvimento do cozimento e da transformação dos alimentos em preparações como papas e caldos marca o surgimento de uma culinária mais elaborada, que ultrapassa o simples consumo de alimentos crus ou apenas tostados.

O sal: um bem alimentar, simbólico e comercial

Entre as grandes descobertas da Idade dos Metais, o sal destaca-se não apenas como um conservante essencial de alimentos, mas também como elemento de valor econômico, cultural e simbólico. A importância do sal para a saúde humana e animal já era reconhecida, e sua obtenção variava conforme a geografia.

Na China, utilizava-se a fervura da água do mar em vasilhas de barro para a produção do sal. No Império Romano, a técnica consistia em evaporar a água salgada em cerâmicas, que eram posteriormente quebradas para se extrair os blocos de sal. Também se exploravam jazidas subterrâneas e minas de sal, algumas das quais se tornaram centros de comércio altamente valorizados. De fato, o sal foi considerado um produto de troca tão importante que influenciou rotas comerciais e até decisões políticas.

Além do uso culinário, o sal estava envolvido em simbolismos ancestrais. Diversas culturas associavam-no à purificação, à fertilidade e à aliança entre os homens. A partilha do sal à mesa era, em muitos povos, um gesto de fraternidade e pacto de confiança.

Segundo Jean-Louis Flandrin (2001), o sal possuía forte valor simbólico nas sociedades históricas, estando associado tanto à hospitalidade quanto à consolidação de vínculos sociais duradouros entre aqueles que o partilhavam.

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FONTES IMAGENS: Imagem Adriana Tenchini


REFERÊNCIAS:

FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massimo (org.). História da alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 2001.

TOUSSAINT-SAMAT, Maguelonne. História natural e moral dos alimentos. São Paulo: Senac, 2003.

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