Costumes e Desigualdades à Mesa

A alimentação na Idade Média era profundamente marcada pelas hierarquias sociais. Enquanto nobres desfrutavam de banquetes, carnes variadas e condimentos caros, os camponeses sobreviviam com o essencial: pão, mingaus de cereais, caldos simples, vegetais cultivados em hortas e, esporadicamente, laticínios e ovos. A carne, por vezes de caça, era restrita às classes mais altas, não apenas por questões econômicas, mas também por proibições legais, como as leis suntuárias, que visavam restringir o luxo de certos grupos sociais (MONTANARI, 2008; FLANDRIN; MONTANARI, 2001).

O pão era o alimento central da dieta medieval. Feito com trigo, centeio, aveia ou cevada, seu tipo e qualidade variavam conforme a classe social. Os mais ricos consumiam pão de farinha branca peneirada, enquanto os mais pobres comiam versões rústicas, muitas vezes misturadas com casca de árvore ou leguminosas para render. Como afirma Jean-Louis Flandrin (2001), “o pão não era apenas alimento, era símbolo de coesão social e religiosa”, uma vez que também era consagrado nas missas como o corpo de Cristo.

As sopas (ou potagens) também ocupavam lugar de destaque na alimentação cotidiana. Eram feitas com o que se dispunha: nabos, repolhos, alho-poró, grãos demolhados e gordura de porco ou manteiga. Nas aldeias, a comida era preparada em caldeirões coletivos, e cada membro da família comia com as mãos ou com pedaços de pão que substituíam pratos (FLANDRIN; MONTANARI, 2001; MONTANARI, 2008).

Além da comida, os hábitos alimentares também eram ditados por normas religiosas. A Igreja Católica impunha inúmeros jejuns ao longo do ano, em que carne e laticínios eram proibidos. Nessas ocasiões, os peixes, sobretudo os salgados ou defumados, ganhavam espaço, assim como os bolos de grãos, frutas secas e leguminosas. Segundo Montanari (2008), “a gastronomia cristã medieval foi moldada por uma tensão constante entre prazer e penitência”.

Por fim, os gestos à mesa, os utensílios e as etiquetas também refletiam o status social. Enquanto os nobres utilizavam facas e colheres ornamentadas, os camponeses comiam com as mãos, partilhando tigelas comuns. Guardanapos inexistiam, e era comum limpar os dedos nos cabelos, nas roupas ou em pedaços de pão. No entanto, a partir do século XIII, surgem os primeiros códigos de conduta à mesa, sobretudo entre os cortesãos, como mostram os manuais de civilidade escritos por autores como Erasmo de Roterdã (FLANDRIN; MONTANARI, 2008).

Indicação de Receitas:

Assine meu blog

Receba novos conteúdos na sua caixa de entrada.

Para saber mais sobre Gastronomia acesse: Conceitos e Teorias


Eu sou graduada e pós graduada na área de gastronomia e compilei todos os anos de estudo em apostilas que estou transformando em um livro “Diário da Gastronomia. De Tudo… Um Pouco.” (Para saber mais acesse a página A Gastrônoma, A Autora, A Terapeuta, A Multiface). Através deste site postarei informações importantes que contribuirá para aumentar o conhecimento dos leitores na área de gastronomia A parte teórica pode ser encontrada na páginaConceitos e Teorias“. Quanto à prática, os leitores podem ir treinando com asReceitaspostadas. Todas as receitas foram previamente testadas.


Gostou do texto? Então Compartilhe.
Alguma dúvida ou sugestão? Poste aqui ou, se preferir, envie um e-mail adrianatenchini@outlook.com

Receba novos conteúdos na sua caixa de entrada.

Escritora, Produtora de Conteúdo, Publicitária e Gastrônoma.

Siga as minhas redes sociais.

FONTES IMAGENS: Adriana Tenchini


REFERÊNCIAS:

Deixe um comentário