Sala dos Capelos Coimbra

Domingo, 14 de Agosto de 1881 – Página 281 do Livro Físico

No primeiro dia letivo, Carlão aproveita para explicar sobre a história da sua amada UC – Universidade de Coimbra. O texto começa a partir da frase que está na página 281 do livro Amor além do Tempo: “Eles se despedem e Gustavo encaminha até a sala dos capelos, que é toda decorada em vermelho e dourado, as cores do Brasão de Coimbra.”

Carlão explicou a ele que nesta sala são realizadas as cerimônias mais importantes da vida acadêmica, como a abertura solene das aulas, a defesa de tese, o doutoramento solene – Honoris Causa –, a imposição das insígnias doutorais e a investidura do reitor. É na Sala dos Capelos que, após a apresentação da tese e a aprovação, o estudante solicita ao Reitor da Universidade as insígnias doutorais, que contam com a Borla e o Capelo, chapéu e capa, respectivamente.

Carlão explicou anteriormente sobre os rituais de Imposição de Insígnias Doutorais e os Doutoramentos Solenes, os Honoris Causa. Segundo o rapaz, estes rituais têm início com a indicação do doutor que receberá as insígnias, o que deve ser previamente aprovado pela congregação da Faculdade. Os padrinhos, que são os lentes da casa, são as testemunhas que atestam os feitos acadêmicos, justificando e legitimando o ingresso simbólico na academia. Os dois rituais são idênticos, com a diferença que na Imposição das Insígnias, os requerentes já possuem o título acadêmico de Doutor.

Os grandes passos compreendem a preparação do espaço com a aposição de ramos de folha de louro, que é símbolo de consagração e de poder, como nas coroas dos césares. Na sala dos Capelos, é colocado um cortinado com a cor do curso que imporá as insígnias e cadeiras para os participantes.

O ritual começa na Biblioteca Joanina. Os requerentes, padrinhos e oradores, ao som de uma Charamela[1], seguem em direção à Sala dos Capelos. Todos com suas batinas e capas. Os Lentes usam sobre a cabeça a Borla e sobre a capa o Capelo (pequena capa), ambos nas cores do seu curso. A Borla e o Capelo são confeccionados por seda e bordado com linha de seda e levam cerca de um ano para ser concluído. Os bordados relacionam-se a símbolos de fartura e poder. Os requerentes usam somente o Capelo sobre sua capa, a Borla será recebida ao final do ritual.

O cortejo se acomoda na Sala dos Capelos, é feita uma oração e uma saudação inicial é dirigida ao Reitor por parte dos doutores mais antigos. Em seguida discorre uma sequência de discursos no qual são destacadas as qualidades acadêmicas de cada candidato requerente. Após o último pronunciamento, cada requerente separadamente se encaminha até o Reitor, que o espera de pé a frente de todos.

O Reitor indaga, em latim, ao requerente: “Quid petis?”, que também respondeu em latim: “Gradum doctoratus in… (nome do curso)”. Em seguida, o Reitor impõe a Borla sobre a cabeça do requerente, a conferir-lhe a investidura, recebendo o requerente, que já usava o Capelo desde o início da solenidade, a Borla e o anel.

Em seguida, os agora doutores instituídos, seguem para a cerimônia do abraço, que é a oportunidade de serem abraçados por todos os membros do colégio doutoral, simbolizando a acolhida pela comunidade acadêmica. Após, os novos doutores sentam-se por breves momentos, junto aos demais doutores, a ocupar simbolicamente o seu lugar no conjunto doutoral, entre o Reitor e Decano do Curso ao qual pertence.

Encerrada a sessão, o cortejo é montado novamente, retirando-se da Sala dos Capelos e seguindo para o Senado da Universidade, onde recebem das mãos do Reitor, o diploma de Doutoramento. O ritual é acompanhado por familiares.

[1] Charamela – Grupo de instrumentos de sopro, sob a direção de um maestro, que toca músicas específicas para a condução dos lentes até a Sala dos Capelos e para atuar entre as diversas fases do ritual, a substituir as palmas depois dos discursos da solenidade.

Páginas Perdidas

Um único livro, ás vezes, não é capaz de descrever em detalhes todos os momentos, lugares, personagens que viveram nessa história. Se você já leu, “Amor Além do Tempo“, talvez o seu coração sentiu vontade de saber mais sobre a história ou de que ela nunca acabasse. Pode ser que você nunca tenha lido, mas está curioso para saber o que lhe aguarda a cada virada de página… Sendo assim, apresento a vocês as PÁGINAS PERDIDAS do livro “Amor Além do Tempo”, basta escolher por onde gostaria de começar sua viagem no tempo.

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