Turismo na Idade Antiga

Em torno de 4000 a.C., surgiram os Sumérios. Eles foram os primeiros povos a habitar a região da Mesopotâmia, área compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, hoje é o atual Iraque. Os Sumérios viviam como nômades e ao chegar na região mesopotâmica, encontraram água e comida em abundância, além de segurança, pois a área é cercada por algumas cadeias montanhosas ao norte e à oeste, pelo Golfo Pérsico ao sudoeste, e pelo deserto da Síria ao sul e leste. Isso os dava uma grande proteção a ataques de outros povos que viviam nas proximidades dali. Os Sumérios são considerados por alguns estudiosos como os criadores das viagens.

Segundo BADARÓ: “Os Sumérios responsáveis pela ideia e utilização do dinheiro nas transações comerciais, pela invenção da escrita cuneiforme e da roda, influenciaram o surgimento do setor turístico, incentivado a partir da utilização do dinheiro como pagamento de transporte e hospedagem.”

Os Egípcios surgiram da união das populações do vale do rio Nilo e formaram dois reinos: Alto Egito – Terra do Sul e Baixo Egito – Terra do Norte. Em 3200 a.C., ocorreu a unificação destes reinos, que passou a ser submetido a autoridade de um Faraó. A época dos Faraós foi dividida em três períodos: Antigo Império (3200 a.C. a 2052 a.C.), Médio Império (2052 – 1570 a.C.) e Novo Império (1570 a.C. – 525 a.C.). O Antigo Império foi de grande importância para o turismo porque durante este período ocorreu as grandes construções no Egito, tais como: as três pirâmides de Gizé (Quéops, Quéfrem e Miquerinos), a pirâmide em degraus de Djoser, a Esfinge e o complexo de pirâmides de Abusir.

As Pirâmides de Gizé. Imagem Adriana Tenchini

Segundo GOELDNER, (2002, p.43):

Essas grandes maravilhas ao ar livre começaram a atrair muitas pessoas já no Império Novo, de 1600 a 1200 a.C. “Cada monumento era um local sagrado, de forma que os visitantes sempre oravam por alguns momentos, mesmo que sua primeira motivação fosse a curiosidade e a diversão desinteressada, e não a religiosidade.”
Eles deixaram evidências de suas visitas, em inscrições como as que seguem: “Hadnakhte, escriba do tesouro, veio para fazer uma excursão e divertir-se no oeste de Mênfis, com seu irmão, Panakhti, escriba do vizir.” Como outros turistas através dos tempos, eles sentiram a necessidade de deixar marcas de sua visita. Alguns pintaram seus nomes apressadamente, outros riscaram-nos na pedra macia com um objeto de ponta. Este último método era tão comum que o termo técnico que usamos para tais rabiscos é graffiti, ou “arranhão”, em italiano.

Durante o período do Médio Império ocorreu a expansão territorial e as viagens comerciais com os fenícios, sírios e cretenses, promovendo assim um intercâmbio cultural entre essas nações. Muitas destas viagens eram feitas através do Rio Nilo, surgindo assim, os primeiros cruzeiros. Foram encontrados relatos históricos sobre uma viagem realizada pela rainha Hatshepsut às ilhas de Punt através do Nilo. Estes relatos contem textos e baixos-relevos registrados nas paredes do templo de Deit El Bahari, em Luxor. Segundo as descrições, a viagem da rainha foi com propósitos de paz e turismo. O Médio Império sofreu uma brusca interrupção por volta de 1570 a.C. com a invasão dos hicsos – povo nômade da Ásia. O Novo Império resultou de um processo de união do Egito contra estes povos.

Os fenícios tiveram a sua importância no turismo pelas suas viagens navais. Eles criaram um verdadeiro império marítimo e em 800 a.C. já havia construído uma rede de postos comerciais ao longo do Mediterrâneo. Este grande sucesso ocorreu por:

  • A região da Fenícia era rica em cedro, madeira utilizada para construir barcos;
  • Eram mestres armadores, construindo embarcações de madeira tubulares, com uma única vela quadrada;
  • Sua população possuía grandes conhecimentos da astronomia;
  • Atuavam como intermediários para seus vizinhos, fazendo o abastecimento de matérias-primas e bens acabados, e de vez em quando, alguns passageiros;
  • Inventaram o alfabeto (mais fácil que a escrita cuneiforme), que era composto de 22 sinais que correspondiam às consoantes e que mais tarde foi aperfeiçoado por outros povos.

Essas viagens foram registradas através de périplos ou diários de bordo, e sabe-se que este povo navegou na península Ibérica, Inglaterra, mar do Norte e também em torno da África, o que acabou estabelecendo importantes roteiros medievais. Os gregos se beneficiaram da experiência naval e comercial dos fenícios ao colonizá-los e aos poucos foram adquirindo controle do Mediterrâneo Ocidental.

Os gregos davam muita importância ao turismo e ao tempo livre, os quais eram dedicados à cultura, diversão, religião e esportes. É por este motivo que muitos autores consideram que a história do turismo teve seu início na Grécia, por volta do século VII a.C. O povo grego foi uma das culturas mais voltadas a viagens, eles faziam deslocamentos constantes para visitar seus santuários (em busca de cura ou aconselhamento), para assistir e participar de espetáculos culturais, cursos, festivais e jogos, ou ainda, para realizar viagens comerciais, inclusive com os chineses onde tiveram contato com a bússola e a pólvora (o que influenciou posteriormente aos europeus conquistarem a América). Muitas das viagens para a Grécia eram realizadas através do mar mediterrâneo e como a maioria das cidades-estado gregas foram fundadas ao longo da costa, estabeleceram assim, importantes rotas comerciais. As viagens por meio de estradas (que ligavam as cidades do interior aos portos) eram estafantes, feitas por animais e escravos, que transportavam pertences e suprimentos.

Cidade Grega. Imagem Adriana Tenchini

Uma das viagens mais importantes da época eram as que se realizavam para assistir as olimpíadas, que aconteciam a cada quatro anos na cidade de Olímpia. Esses jogos iniciaram-se em 776 a.C. e eram realizados para homenagear Zeus através de competições atléticas, onde se deslocavam milhares de pessoas, misturando religião e esportes. Os jogos movimentavam toda região criando pontos de alojamento e alimentação para servir os turistas. Surgiram assim, hospedarias muito precárias ao longo das estradas e nos portos.

Segundo GOELDNER, (2002, p.46):

As hospedagens gregas ofereciam pouco mais do que abrigo para a noite. Um hóspede que quisesse se lavar tinha que carregar sua própria toalha até o outro lado da rua, no banho público mais próximo. Uma vez chegando lá, tirava as roupas em um vestiário e as deixava aos cuidados de alguém, para que não fossem roubadas enquanto se banhava. “O banho, em si… era uma grande bacia na qual ele se curvava enquanto um atendente jogava água sobre ele”.

Os turistas eram muito bem recebidos e instalados pelos gregos, porque segundo uma lenda da época, qualquer um deles poderia ser Zeus (Deus grego) que participava de todos os jogos sem se identificar. Outro ponto importante: Como cada cidade-estado grega possuía uma moeda própria (o que dificultava as transações comerciais) surgiram as primeiras casas de câmbio gregas, através de pessoas dispostas a realizar a troca de moedas.


Apesar dos desconfortos e perigos, as pessoas viajavam pela Grécia. Através do mar, tinham que se preocupar com tempestades e piratas; e pela terra, com estradas ruins, as pousadas sombrias e os bandidos nas estradas. As pessoas viajavam a negócios, para curas ou para entretenimento em festejos, e tinham uma pequena minoria, que viajava por amor ao próprio ato de viajar, como Heródoto, a primeira pessoa importante a escrever sobre viagens.

Durante o Império Romano o turismo ganhou ainda mais força, pois era utilizado como meio de lazer, comércio e descobertas. Os Romanos foram os primeiros povos a criarem locais exclusivamente destinados ao repouso, com finalidades terapêuticas, religiosas e esportivas. Eles eram assíduos de grandes espetáculos, ocorridos nas arenas e nos teatros; frequentavam termas para resolver problemas de saúde e viajavam de férias para a costa.

Fatos que contribuíram para que o turismo crescesse nesta época:

  • A Pax Romana – Augusto César declarou o fim das guerras de conquista;
  • Prosperidade econômica – que possibilitou a alguns cidadãos meios financeiros e tempo livre;
  • Construção de estradas – desenvolvimento de vias de tráfego, com construção de estradas (Figura 1.3) e hospedarias.

Segundo GOELDNER, (2002, p.45):

Os romanos começaram a construir estradas em torno de 150 a.C. Elas tinham uma construção bastante elaborada. Eram planejadas utilizando um nivelador com pêndulos de chumbo. Soldados e trabalhadores cavavam o leito e colocavam pedras e concreto uniformemente. As pedras de pavimentação eram postas por cima e construíam-se meios-fios de pedra e um contorno inclinado, para escoar a água da chuva. Algumas dessas estradas ainda são usadas.
Já na época do imperador Trajano (que reinou de 98 a 117 d.C.), as estradas romanas abrangiam uma rede de aproximadamente 80 mil quilômetros. Elas cercavam o Império Romano, estendendo-se desde próximo à Escócia e Alemanha, ao sul, dentro do Egito e até ao longo das margens do mar Mediterrâneo. No oriente, as estradas iam até o Golfo Pérsico, no que agora são o Iraque e Kuwait.
Os romanos podiam viajar até 160 km por dia trocando de cavalos em postos de descanso a cada 13 ou 14 km. Eles também viajavam para conhecer templos famosos na região do Mediterrâneo, especialmente as Pirâmides e os monumentos do Egito. A Grécia e a Ásia Menor eram destinações famosas, oferecendo os Jogos Olímpicos, os banhos medicinais e resorts litorâneos, as produções teatrais, os festivais, as competições atléticas e outras formas de diversão e entretenimento. A combinação romana de império, estradas e necessidade de supervisão desse império, de suas riquezas, lazer, atrações turísticas e o desejo de viajar, criaram uma demanda por hospedagens e outros serviços de viagem que vieram a existir como uma forma inicial de turismo.

Com o declínio do Império Romano e as constantes guerras que surgiram, as estradas foram destruídas e o comércio ficou escasso, marcando assim o fim do período inicial do turismo.

Saiba Mais: Evolução do Turismo e dos Eventos Através dos Tempos

O texto apresentado nesta página é um resumo de partes do Livro “Planejamento e Organização de Eventos: Da Teoria à Prática.” Autora: Adriana Tenchini (Ebook disponível na Amazon).


Meu nome é Adriana Tenchini, natural de Belo Horizonte, Minas Gerais. Sou uma amante do conhecimento e tenho como formação os cursos: Graduação em Eventos, Bacharelado em Publicidade e Propaganda, Graduação em Gastronomia, Graduação em Cozinha Contemporânea, MBA em Administração Estratégica, Pós-graduação em Gestão da Qualidade em Gastronomia e vários cursos extracurriculares nas áreas de eventos, gastronomia, design e web design. Além da minha formação acadêmica, sou produtora de conteúdo, escritora, espírita, terapeuta holística, produtora de laticínios vegetais e mãe.

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FONTES IMAGENS: Adriana Tenchini


REFERÊNCIAS:

BADARÓ, Rui Lacerda. Direito do Turismo: História e Legislação no Brasil e no Exterior. 2ª edição. São Paulo: Editora SENAC, 2002.

GOELDNER, Charles R.; RITCHIE, J. R. Brent; MCINTOSH, Robert W; Trad. COSTA Roberto Cataldo Costa. Turismo: Princípios, Práticas e Filosofias, 8ª edição. Porto Alegre: Bookman, 2002.

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