Dietas Especiais

Pessoas com doenças crônicas como hipertensão, obesidade, diabetes etc. tem a necessidade de manter uma dieta especial. As orientações alimentares para estes casos, são apenas restritivas e cabe a cozinha contemporânea torná-las mais atrativas e saborosas. O conhecimento dos aspectos sensoriais dos alimentos é importante para o desenvolvimento do cardápio destas dietas. O aspecto visual tem grande relevância, mas o sabor também deve acompanhar a beleza do prato. Não adianta estar bonito e ter um péssimo gosto. Cabe ao profissional de gastronomia aliar visual e sabor com os ingredientes disponíveis para determinadas restrições.
Atualmente estas dietas não estão sendo consumidas somente por pessoas com restrições. Vários indivíduos em busca de uma alimentação mais saudável e natural retiram de seu cardápio produtos com muito sódio ou sal, industrializados, laticínios, açúcares e glúten. O que mostra o quão importante é o conhecimento para um bom cozinheiro.
Têm aumentado de forma expressiva as alergias e intolerâncias alimentares na população. As causas para este aumento são variadas, porém, o que importa é a necessidade de conhecer cada uma destas dietas especiais e aprender como preparar as refeições para estas pessoas. Existem diversos tipos de alergia e intolerância alimentar: castanhas e oleaginosas como amêndoa e amendoim, frutos do mar, laticínios, glúten, condimentos, medicamentos, ovos e outros componentes alimentares. É importante estar atento aos rótulos dos alimentos.
Alergia e Intolerância ao Glúten
O glúten é uma proteína presente em diversos cereais e que provoca reações alérgicas nas pessoas portadoras da doença celíaca[1] ou da intolerância ao glúten. Ele é encontrado no trigo, na cevada e no centeio. O portador de doença celíaca não pode consumir alimentos que contenham qualquer traço de glúten, por isso, o espaço de preparação para estes alimentos deve ser isento de qualquer contaminação com os cereais citados. Desta forma, não podemos produzir alimentos sem glúten em uma cozinha convencional, somente com baixo teor. Já as pessoas com intolerância podem consumir traços de glúten, tornando possível a produção de alimentos, sem os cereais citados, em uma cozinha comum.

Segundo estimativa da “Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil[2]”, a doença afeta em torno de 2 milhões de pessoas no Brasil. É uma doença que pode aparecer em qualquer idade, e atualmente estima-se que um a cada 400 brasileiros pode vir a ter a doença.
Para esta dieta especial temos diversas alternativas para substituir os cereais que contêm glúten, tais como: farinha de arroz, amido de milho, fécula de batata, goma de tapioca, farinha de milho, inhame, farinha de grão de bico, batata, mandioca e outros.
Alergia e Intolerância à Lactose

A alergia à lactose impede o consumo de qualquer tipo de leite de origem animal, mas dependendo do grau da intolerância, produtos fermentados e queijos são admissíveis na dieta. A lactose é o açúcar (carboidrato) presente no leite e seus derivados, que para ser absorvido pelo organismo, precisa ser quebrado pela lactase. Esta é uma enzima que normalmente vai tendo sua produção reduzida, podendo deixar de existir na fase adulta, quando surgem os quadros de intolerância.
Nos laticínios fermentados e queijos, a lactose (açúcar do leite) é degradada por bactérias lácticas que produzem o ácido láctico. Desta forma, estes produtos apresentam um baixo teor de lactose e o seu consumo dependerá da tolerância de cada organismo.
O leite de vaca possui em média de 5 a 5,2% de lactose e quando transformado em queijo esse valor reduz para 1,38%. Quanto maior o tempo de maturação dos queijos, maior será a degradação da lactose. Na maturação após três meses, o teor de lactose dos queijos já é considerado “não quantificável”. Os queijos que se enquadram nesta maturação são: Emmental, provolone, gouda, reino, parmesão, gruyére e edam. Deste modo, a utilização de queijos maturados é admissível nas preparações para as pessoas, desde que seja com moderação e se tenha alguma noção do grau de intolerância.
[1] Doença Celíaca – é uma doença autoimune desenvolvida no intestino delgado e desencadeada pela ingestão de glúten por indivíduos geneticamente susceptíveis.
[2] Campanha Reconhecer. Artigo publicado no site do Conselho Nacional de Saúde em maio de 2013.
Para saber mais acesse: Tendências e Movimentos Contemporâneos.
Posts Recentes
Começando a Aprender
- Planejamento e Organização de Serviços de A&B
- Pós Evento
- Evento – Realização
- Projeto de Eventos
- Pré Evento: Planejamento e Preparação
- Planejamento de Eventos
- Serviços de A&B
- Atendimento em Buffet
- Uniformes e Regras de Atendimento
- Brigada do Salão do Restaurante
- Brigada da Cozinha
- Cozinha
- Restaurante
- Vegetarianismo
- Regionalismo
- Dietas Especiais
- Novas Dinâmicas e Tecnologias
- Cozinha do Terroir
- Slow Food
- Antropoentomofagia
- Minimalismo
- Gastronomia Molecular
- Cozinha Autoral
- Fusion Food
- Fast Food
- Tendências e Movimentos Contemporâneos
- O Mundo Profissional
- O Mercado Gastronômico
- Introdução à Gastronomia
Assine meu blog
Receba novos conteúdos na sua caixa de entrada.
Para saber mais sobre Gastronomia acesse: Conceitos e Teorias
Eu sou graduada e pós graduada na área de gastronomia e compilei todos os anos de estudo em apostilas que estou transformando em um livro “Diário da Gastronomia. De Tudo… Um Pouco.” (Para saber mais acesse a página A Gastrônoma, A Autora, A Terapeuta, A Multiface). Através deste site postarei informações importantes que contribuirá para aumentar o conhecimento dos leitores na área de gastronomia A parte teórica pode ser encontrada na página “Conceitos e Teorias“. Quanto à prática, os leitores podem ir treinando com as “Receitas” postadas. Todas as receitas foram previamente testadas.
Gostou do texto? Então Compartilhe.
Alguma dúvida ou sugestão? Poste aqui ou, se preferir, envie um e-mail adrianatenchini@outlook.com
Receba novos conteúdos na sua caixa de entrada.

Escritora, Produtora de Conteúdo, Publicitária e Gastrônoma.
E não esqueça de seguir as minhas redes sociais.
REFERÊNCIAS:
ATALA, Alex; DÓRIA, Carlos Alberto. Com unhas, dentes & cuca: prática culinária e papo-cabeça ao alcance de todos. São Paulo: Senac, 2008.
BARRETO, Ronaldo Lopes Pontes. Passaporte para o Sabor: tecnologias para a elaboração de cardápios. São Paulo: Senac, 2008.
FENACELBRA. Reconhecer. Artigo publicado no site do Conselho Nacional de Saúde, Brasília, 14 de maio de 2013. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2013/05_maio_14_fenacelbra.html#:~:text=N%C3%BAmeros%20sobre%20a%20doen%C3%A7a%20cel%C3%ADaca,delas%20encontra%2Dse%20sem%20diagn%C3%B3stico. Acesso em: 14/06/2023.
FREIXA, D.; CHAVES, G. Gastronomia no Brasil e no mundo. São Paulo: Senac, 2012.
LINGUANOTTO NETO, Nelusko; FREIRE, Renato; LACERDA, Isabel. Misturando Sabores. Rio de Janeiro/São Paulo: Senac Nacional em parceria Senac São Paulo, 2013.
MEIRELLES, C. M.; VEIGA, G. V.; SOARES, E. A. Implicações nutricionais das dietas vegetarianas. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr., São Paulo, SP. v. 21, p. 57-72, jun., 2001.
MELINA, V.; DAVIS, B.; HARRISON, V. A dieta saudável dos vegetais: o guia completo para uma nova alimentação. Rio de Janeiro: Campus; 1998.
MCGEE, Harold. Comida e Cozinha: ciência e cultura da culinária. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
PETRINI, C. Slow Food. São Paulo: Senac, 2009.
ROMEIRO, E.T.; OLIVEIRA, I.D. de; CARVALHO, E.F. Insetos como alternativa alimentar: artigo de revisão. Contextos da Alimentação. Revista de Comportamento, Cultura e Sociedade. Vol. 4, n. 1. Set. 2015. São Paulo: Centro Universitário Senac.
RUHLMAN, Michael. A alma de um chef: viagem para a perfeição. 2007. São Paulo: Senac, 2007
SANTAMARIA, Santi. Cozinha a Nu — Uma visão renovadora do mundo da gastronomia. São Paulo: Senac, 2009.
SEGNIT, Niki. Dicionário de Sabores: receitas e ideias para uma cozinha criativa. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2014.
TEIXEIRA, R. C. M et al. Risco cardiovascular em vegetarianos e onívoros: um Estudo Comparativo. UFES, 2007.
THIS, H. Um cientista na cozinha. São Paulo: Ática, 2003.
WILSON, Bee. Pense no garfo: Uma história da cozinha e de como comemos. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
