Muito antes de se tornar um símbolo da gastronomia mediterrânea, o vinho já era reverenciado por diversas civilizações antigas. Os fenícios, conhecidos como grandes navegadores e comerciantes, não apenas difundiram a viticultura pelo Mediterrâneo como também desenvolveram versões especiais da bebida, aromatizadas com ervas consideradas sagradas ou medicinais. Utilizado em rituais religiosos, cerimônias de oferenda e até como tônico curativo, esse vinho representava a profunda conexão entre natureza, espiritualidade e alimento.

Mas eles não estavam sozinhos. Os egípcios também elaboravam vinhos com figos, tâmaras, ervas e resinas, que eram consumidos em festivais e oferecidos aos deuses e aos mortos. Entre os hebreus, o vinho assumia papel simbólico e ritualístico, e há registros do uso de mel e especiarias em bebidas fermentadas. Os gregos, por sua vez, produziam vinhos com resina e plantas medicinais, usados inclusive como tratamentos prescritos por Hipócrates. Já os romanos levaram essa tradição ainda mais longe, criando vinhos condimentados como o conditum paradoxum, que incluía mel, tâmaras, especiarias e ervas aromáticas.

Esta receita é uma reinterpretação moderna e caseira, inspirada nesse legado milenar. Baseia-se nos princípios antigos de infusão de ervas e especiarias em vinho, com toques de mel e casca de frutas. O resultado é uma bebida intensa e perfumada, que nos convida a saborear a história em cada gole.

Vinho Aromatizado com Ervas

Categoria: Bebidas

Especificação: Bebida alcoólica, infusão, cozinha internacional (Oriente Médio), ervas aromáticas e especiarias, vegetariana, sem glúten, sem lactose

Tempo de Preparo: 30 minutos + infusão (4 a 12 horas)

Rendimento: 700 ml

Dificuldade: Fácil

Calorrias por porção (125 ml – 1/2 taça de vinho): 138 kcal

Imagem Adriana Tenchini

Ingredientes:

  • 750 ml de vinho tinto seco
  • 1 colher (sopa) de alecrim fresco
  • 1 colher (sopa) de tomilho fresco
  • 1 colher (chá) de sementes de coentro levemente amassadas
  • 1 pau de canela
  • 2 tiras de casca de laranja (sem a parte branca)
  • 2 colheres (sopa) de mel

Modo de Preparo:

Em uma panela pequena, aqueça o vinho em fogo bem baixo, sem deixar ferver. Adicione o alecrim, tomilho, sementes de coentro, canela e casca de laranja. Acrescente o mel e misture até dissolver. Mantenha em infusão no fogo por cerca de 10 a 15 minutos. Desligue o fogo, tampe e deixe repousar até esfriar completamente. Quanto mais tempo em repouso (até 12 horas), mais aromático o vinho ficará. Coe com filtro de pano ou peneira fina, transfira para uma garrafa esterilizada e mantenha refrigerado. Sirva em pequenas doses, em temperatura ambiente ou ligeiramente morno.

Toques Finais e Sugestões:

1. Categoria e consumo:

Esta bebida se encaixa na tradição dos vinhos digestivos ou ritualísticos. Pode ser servida em pequenas doses após as refeições ou utilizada em contextos simbólicos (como harmonizações históricas e experiências sensoriais). Ideal para eventos temáticos ou celebrações especiais.

2. Dicas adicionais:

  • O vinho pode ser conservado por até 7 dias sob refrigeração, bem tampado.
  • Se preferir uma versão mais adocicada, adicione mais mel ao final.
  • Evite ferver o vinho para não perder o álcool nem os aromas delicados.

3. Curiosidades:

  • A prática de aromatizar vinhos com ervas remonta à Antiguidade e influenciou diretamente o surgimento dos vinhos medicinais e licores monásticos na Idade Média.
  • Entre os fenícios, o uso da mirra e do olíbano no vinho tinha função espiritual e terapêutica.

Eu sou graduada e pós graduada na área de gastronomia e compilei todos os anos de estudo em apostilas que estou transformando em um livro “Diário da Gastronomia. De Tudo… Um Pouco.” (Para saber mais acesse a página A Gastrônoma, A Autora, A Terapeuta, A Multiface). Através deste site postarei informações importantes que contribuirá para aumentar o conhecimento dos leitores na área de gastronomia A parte teórica pode ser encontrada na páginaConceitos e Teorias“. Quanto à prática, os leitores podem ir treinando com asReceitaspostadas. Todas as receitas foram previamente testadas.


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O hidromel, muitas vezes chamado de “a bebida dos deuses”, é uma das bebidas alcoólicas mais antigas da humanidade. Feito a partir da fermentação natural de mel e água, ele esteve presente em diversas civilizações da Antiguidade, como os povos mesopotâmicos, egípcios, gregos, nórdicos, celtas e até em algumas culturas do Oriente. Essa bebida era associada a celebrações, rituais religiosos, oferendas e mitos, simbolizando vitalidade, fartura e conexão com o sagrado. Apesar da simplicidade de seus ingredientes, o hidromel carrega uma complexidade sensorial que varia conforme o tipo de mel, a pureza da água e o tempo de fermentação. Nesta receita tradicional, apresentamos uma versão seca e leve, com preparo artesanal inspirado em práticas ancestrais e sem o uso de sanitizantes químicos.

Hidromel

Categoria: Bebidas,

Especificação: Bebida alcoólica, bebida fermentada, Cozinha internacional (Egito, Grécia), vegetariana, sem glúten, sem lactose

Tempo de Preparo: 30 minutos (Preparo) + 30 a 60 dias (Fermentação) + 1 a 6 meses (maturação – opcional, melhora o sabor)

Rendimento: 4 litros

Dificuldade: Médio

Imagem Adriana Tenchini

Ingredientes:

  • 3,8 litros de água sem cloro (filtrada ou mineral)
  • 1,2 kg de mel puro (de preferência orgânico e de florada clara)
  • 5 g de levedura específica para vinho ou hidromel (ex: Lalvin D-47, EC-1118 ou similar)
  • 1 colher (chá) de nutrientes para levedura (opcional, mas recomendado)
  • Álcool 70% ou água fervente para higienização

Modo de Preparo:

1. Limpeza e higienização natural

Lave todos os utensílios com água quente e detergente neutro. Enxágue bem. Higienize os recipientes com álcool 70% ou água fervente (especialmente no caso de vidros e mangueiras). Deixe secar naturalmente ao ar.

2. Preparo do mosto

Aqueça metade da água (cerca de 2 litros) até 35 a 40 °C. Adicione o mel e mexa bem até dissolver completamente. Adicione o restante da água fria para atingir 3,8 L e resfriar a mistura. A temperatura deve estar entre 20 e 25 °C antes de adicionar a levedura.

3. Inoculação da levedura

Hidrate a levedura conforme as instruções do fabricante (geralmente em água morna por 15 minutos). Adicione ao mosto e misture suavemente. Se desejar, adicione os nutrientes para levedura.

4. Fermentação

Transfira o líquido para um garrafão ou balde alimentício limpo, deixando 5 a 10 cm de espaço no topo. Feche com rolha ou tampa com airlock (válvula que libera o CO₂ e impede a entrada de ar). Deixe fermentar em local escuro, fresco e estável (18 a 24 °C), por 30 a 60 dias. Durante os primeiros 7 a 14 dias, a fermentação será mais intensa (borbulhas visíveis). Depois, o líquido começa a clarificar.

5. Transferência cuidadosa (decantação)

Quando a fermentação estiver quase finalizada e os sedimentos estiverem no fundo, transfira o líquido para outro recipiente limpo, sem agitar a borra. Isso ajuda a limpar e suavizar o sabor do hidromel.

6. Maturação

Após a transferência, deixe o hidromel repousar por 30 a 90 dias (ou mais), protegido da luz e do calor. Esse tempo contribui para clareza, estabilidade e sabor mais refinado.

7. Engarrafamento

Quando estiver claro e saboroso, engarrafe com cuidado. Armazene em local escuro e fresco. O hidromel continua evoluindo por vários meses.

Toques Finais e Sugestões:

1. Dicas de Consumo:

  • Sirva ligeiramente gelado (entre 8 °C e 14 °C), em taças de vinho branco ou copos pequenos.
  • Ideal para brindes especiais, jantares temáticos, entradas e sobremesas.
  • Experimente em tábuas de frios temáticas, junto com queijos, frutas e especiarias.
  • Pode ser utilizado como base para coquetéis ou como um digestivo leve após as refeições.

Eu sou graduada e pós graduada na área de gastronomia e compilei todos os anos de estudo em apostilas que estou transformando em um livro “Diário da Gastronomia. De Tudo… Um Pouco.” (Para saber mais acesse a página A Gastrônoma, A Autora, A Terapeuta, A Multiface). Através deste site postarei informações importantes que contribuirá para aumentar o conhecimento dos leitores na área de gastronomia A parte teórica pode ser encontrada na páginaConceitos e Teorias“. Quanto à prática, os leitores podem ir treinando com asReceitaspostadas. Todas as receitas foram previamente testadas.


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Doçura ancestral em cada gota

Com raízes que remontam aos banquetes da Antiga Mesopotâmia, Egito e outras civilizações do Oriente Médio, o vinho de tâmaras é uma bebida milenar feita a partir da fermentação natural da fruta. Seu sabor adocicado, com notas de caramelo e especiarias, carrega a memória de desertos férteis e celebrações à luz de lamparinas. Esta receita moderna homenageia a tradição compartilhada por povos como sumérios, babilônios, hititas, fenícios, persas, gregos e romanos, valorizando sua simplicidade e profundidade. Ideal para acompanhar pratos históricos, doces secos e momentos meditativos.

Vinho de Tâmaras Caseiro

Categoria: Bebidas

Especificação: Bebida alcoólica, bebida fermentada, cozinha internacional (Egito, Oriente Médio), vegana, vegetariana, sem glúten, sem lactose

Tempo de Preparo: 30 minutos

Rendimento: cerca de 1,5 litros

Dificuldade: Fácil

Imagem Adriana Tenchini

Ingredientes:

  • 500 g de tâmaras secas sem caroço
  • Frasco de vidro grande esterilizado para a fermentação
  • 2 litros de água filtrada ou mineral
  • 200 g de açúcar mascavo (opcional, para estimular a fermentação)
  • 1 colher (sopa) de suco de limão (opcional, para equilibrar a acidez)
  • 1/4 de colher (chá) de fermento biológico seco (ou use fermentação espontânea, mais lenta)
  • Garrafa de vidro escura com tampa ou rolha

Modo de Preparo:

Higienize bem todos os utensílios para evitar contaminação. Pique as tâmaras grosseiramente e coloque-as no frasco de fermentação. Ferva metade da água e despeje sobre as tâmaras. Mexa bem. Adicione o açúcar e o suco de limão (se estiver usando). Complete com a água restante, em temperatura ambiente. A mistura deve estar morna, não quente.          Adicione o fermento (se optar por fermentação controlada). Misture. Cubra o frasco com um pano limpo ou gaze e prenda com elástico, deixando espaço para o gás escapar. Deixe fermentar em local escuro, fresco e ventilado, por 15 a 30 dias, mexendo a cada 2 dias.           Coe o líquido com pano fino ou filtro e transfira para uma garrafa esterilizada com tampa ou rolha.        Leve à geladeira e consuma após 24h para estabilizar. Para uma bebida mais suave, espere mais alguns dias.

Toques Finais e Sugestões:

1. Sirva gelado, como um aperitivo ou digestivo.

2. Pode ser usado para marinar carnes, especialmente cordeiro ou pato.

3. Substitui vinhos doces ou licorosos em receitas com frutas secas e sobremesas.

4. Experimente reduzi-lo no fogo com especiarias para criar um molho agridoce.

4. Harmonização

  • Comidas: queijos duros e salgados (pecorino, parmesão), carnes grelhadas, frutos secos, tâmaras recheadas, nozes e sobremesas de especiarias.
  • Temperos aliados: canela, cardamomo, cravo e noz-moscada.
  • Ambientes ideais: jantares temáticos, noites introspectivas, ou como mimo exótico em degustações.

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