Molho Espanhol

O molho espanhol (ou sauce espagnole, em francês) é um dos pilares da gastronomia clássica e uma das cinco preparações conhecidas como molhos-mãe, segundo a codificação da culinária francesa feita por Auguste Escoffier no início do século XX. Esses molhos servem como base para dezenas de outros molhos derivados e são fundamentais no repertório de qualquer cozinheiro profissional.

Apesar do nome, o molho espanhol não tem origem direta na Espanha. Sua criação está ligada ao refinamento da cuisine française durante os séculos XVII e XVIII, especialmente nas cozinhas reais e aristocráticas. O nome provavelmente reflete uma influência hispânica nos ingredientes ou na técnica, muito comum em uma época em que as cortes europeias trocavam culturas e receitas. No entanto, foi com Escoffier que a receita foi sistematizada e passou a integrar oficialmente os molhos-mãe da alta cozinha.

Esse molho é caracterizado por sua base robusta, feita a partir de um roux escuro (mistura cozida de farinha e manteiga), fundo escuro de carne (fundo ferrugem) e mirepoix (uma combinação aromática de legumes), além de bacon e massa de tomate, que contribuem com sabor e profundidade. O resultado é um molho espesso, de sabor intenso e cor castanha-avermelhada, ideal para acompanhar carnes assadas, aves e pratos mais elaborados.

A seguir, apresentamos uma versão clássica do molho espanhol, fiel às tradições da culinária francesa, para que você possa dominar essa base e explorar suas muitas variações

Molho Espanhol

Categoria:  Bases de Cozinha, Acompanhamento/Guarnição

Especificação: Molho quente, molho clássico (molho-mãe), molho espessado, molho reduzido, Cozinha Internacional (França)

Tempo de Preparo: 2 horas e 10 minutos

Rendimento: 800 ml

Dificuldade: fácil

Calorias por porção (1 concha média – 60 g): 82 kcal

Molho espanhol como base da montagem do prato. Imagem Adriana Tenchini.

Ingredientes:

Roux Escuro

  • 60 gramas de manteiga
  • 60 gramas de farinha de trigo

Molho Espanhol

  • 70 gramas de bacon, picadinho
  • 25 gramas de cebola, picada
  • 25 gramas de cenoura, picada
  • 25 gramas de salsão (aipo), picado
  • 25 gramas de alho poró, picado
  • 120 gramas de massa de tomate
  • 1 litro de fundo ferrugem (fundo escuro de carne)

Modo de Preparo:

Roux Escuro

Leve uma panela ao fogo baixo. Adicione a manteiga e espere derreter, mas não a deixe queimar. Após o derretimento acrescente a farinha de trigo e com um fouet, misture bem os dois ingredientes. Mexa constantemente para evitar que queime. Cozinhe por cerca de 5 minutos em fogo alto ou até atingir a cor castanha. Deixe esfriar.

Molho Espanhol

Em outra panela, frite o bacon, dourando bem. Adicione o mirepoix (cebola, cenoura, salsão e alho poró), doure. Acescente a massa de tomate e misture por um minuto. Reserve. 

Ferva o fundo ferrugem (fundo escuro de carne) e incorpore-o, aos poucos, no roux frio. Misture bem com o batedor de arame (fouet) para não criar bolas de farinha. Acrescente a mistura de bacon, mirepoix e massa de tomate. Espere levantar fervura, abaixe o fogo e deixe cozinhar por 2 horas. Passe pelo chinois.

Toques Finais e Sugestões:

1. Molhos-mãe – São molhos clássicos da cozinha francesa e se dividem em cinco: Molho Béchamel, Molho Velouté, Molho Espanhol, Molho de Tomate e Molho Holandês. Estes molhos são base para a produção de diversos outros molhos (Molhos derivados).

2. Roux é uma mistura homogênea de partes iguais de amido (farinha de trigo) e gordura (manteiga) cozidos até que atinjam a coloração desejada (marrom).

3. Ao preparar o roux escuro, mexa constantemente em fogo baixo e cheque com frequência até atingir a cor castanha (marrom).

4. Fundo de Carne (Fundo Ferrugem) – Preparação concentrada de ossos, aparas de carne e mirepoix (cebola, cenoura, salsão, alho‑poró) cozidos lentamente com ervas e especiarias. Os ingredientes são tostados antes, gerando reação de Maillard que confere cor escura e sabor profundo. Cozimento mínimo: 2 h, podendo incluir extrato de tomate ou vinho. Usado para substituir água em molhos, sopas, risotos e outras receitas, intensificando aroma e sabor.

5. Fundos e molhos básicos não devem ser salgados durante o preparo, pois o sal deve ser adicionado apenas no momento da finalização do prato em que serão utilizados. Isso evita o risco de excesso de sal na receita final, especialmente considerando que muitos fundos e molhos serão reduzidos e concentrados. O molho espanhol, por exemplo, é uma base versátil que pode dar origem a diversos outros molhos clássicos, como o molho demi-glace, o molho madeira, entre outros.

6. O sucesso do molho escuro está diretamente ligado à qualidade do fundo utilizado como base – em geral, um fundo escuro de vitela, que oferece sabor mais delicado, coloração intensa e textura ideal para a elaboração de molhos refinados.

7. Dicas de Consumo:

  • Sirva sobre cortes nobres de carne, como filé mignon, rosbife ou cordeiro.
  • Use como base para ensopados, como boeuf bourguignon ou pratos com carne de panela.
  • Experimente com frango assado, para dar um toque sofisticado.
  • Combine com cogumelos salteados e sirva sobre massas curtas ou purê de batatas.
  • Congele em pequenas porções e use quando quiser dar um toque refinado ao seu prato!

8. Molhos Derivados do Molho Espanhol

A versatilidade do molho espanhol é imensa! A partir dele, surgem outros molhos clássicos que fazem parte da alta gastronomia. Conheça alguns:

  • Molho Châteaubriand – Variante refinada, servida tradicionalmente com o corte de mesmo nome.
  • Molho Demi-Glace – Redução do molho espanhol com fundo escuro, até ficar mais espesso e concentrado.
  • Molho Bordelaise – Com vinho tinto, tutano de boi e chalotas. Ideal para carnes vermelhas.
  • Molho Chasseur – Acrescenta cogumelos e vinho branco ou conhaque.
  • Molho Madeira – Enriquecido com vinho Madeira; muito usado em medalhões e carnes grelhadas.
  • Molho Diable – Versão mais picante, com vinagre e pimenta.
  • Molho Robert – Com cebola, mostarda e vinho branco. Vai bem com carnes de porco.

Eu sou graduada e pós graduada na área de gastronomia e compilei todos os anos de estudo em apostilas que estou transformando em um livro “Diário da Gastronomia. De Tudo… Um Pouco.” (Para saber mais acesse a página A Gastrônoma, A Autora, A Terapeuta, A Multiface). Através deste site postarei informações importantes que contribuirá para aumentar o conhecimento dos leitores na área de gastronomia A parte teórica pode ser encontrada na páginaConceitos e Teorias“. Quanto à prática, os leitores podem ir treinando com asReceitaspostadas. Todas as receitas foram previamente testadas.


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Escritora, Produtora de Conteúdo, Publicitária e Gastrônoma.

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FONTE IMAGEM CAPA: Adriana Tenchini

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