Versão Histórica Adaptada
O risoto, como técnica culinária, surgiu no norte da Itália entre os séculos XVI e XVII, período correspondente à Idade Moderna. Embora o arroz já fosse conhecido na península há muito tempo, foi nesse momento que os cozinheiros lombardos desenvolveram o método característico que define o risoto: o cozimento lento e gradual do arroz em caldo quente, liberando amido de forma natural até atingir cremosidade sem a necessidade de espessantes.
Os primeiros risotos eram preparações muito simples. Não incluíam cebola, vinho branco, queijo, ervas aromáticas ou manteiga em algumas versões iniciais. O uso do açafrão também não era parte de todas as receitas, mas ganhou espaço ao longo dos séculos, especialmente em Milão. Nesta receita, apresentamos uma versão histórica evoluída, típica dos séculos XVII e XVIII, já incorporando ingredientes como manteiga, cebola e Parmigiano-Reggiano, porém sem vinho branco e sem carnes. Trata-se de uma adaptação moderna que respeita o espírito da Idade Moderna, mantendo as características essenciais do preparo tradicional.
Risoto Alla Milanese
Categoria: Prato Principal
Especificação: Arroz, Cozinha internacional (Itália), sem glúten
Tempo de Preparo: 40 minutos
Rendimento: 4 porções
Dificuldade: Médio
Calorrias por porção (1 prato raso – 250g): 368 kcal

Ingredientes:
- 2 colheres (sopa) de manteiga
- 1 colher (sopa) de tutano de boi (opcional, mas historicamente comum)
- 1 cebola pequena picada bem fina
- 1 e 1/2 xícara de arroz arbóreo (ou carnaroli)
- 1 litro de fundo de carne ou fundo de ossos quente
- 1 pitada generosa de açafrão em pistilos, hidratado em 2 colheres (sopa) de caldo quente ou 1/2 colher (chá) de cúrcuma (opção moderna que reproduz a cor, mas não o aroma)
- 3 colheres (sopa) de Parmigiano-Reggiano ralado
- Sal a gosto
Modo de Preparo:
Aqueça metade da manteiga e o tutano em uma panela de fundo grosso até derreterem. Adicione a cebola e refogue em fogo brando até ficar translúcida, sem dourar. Acrescente o arroz e mexa por 2 minutos, envolvendo bem os grãos na gordura. Comece a adicionar o fundo quente, uma concha por vez, mexendo sempre para liberar o amido. Continue adicionando o fundo aos poucos e mexendo continuamente até o arroz ficar al dente e cremoso.
Adicione o açafrão com o líquido da hidratação, misturando até obter a cor dourada característica. Se estiver usando cúrcuma, adicione-a diretamente ao risoto neste momento e misture bem para distribuir a cor de forma uniforme. Ajuste o sal, desligue o fogo e incorpore o Parmigiano-Reggiano e a manteiga restante, mexendo até emulsionar. Sirva imediatamente, mantendo a textura cremosa típica do risoto tradicional.

Toques Finais e Sugestões:
1. Dicas de consumo
- Acompanhe com carnes brancas, ossobuco ou legumes assados.
- Para uma versão mais fiel ao período histórico, prepare o fundo apenas com ossos e poucos aromáticos, sem tomate.
- O segredo da cremosidade está no movimento constante: não lave o arroz antes do preparo.
2. Curiosidades
- A lenda mais conhecida diz que o açafrão se tornou parte do risoto quando um artesão que trabalhava com vitrais na Catedral de Milão começou a usar a especiaria na culinária.
- O vinho branco só passou a fazer parte dos risotos a partir do século XIX, por isso não aparece nas versões da Idade Moderna.
- A cúrcuma não substitui o sabor do açafrão verdadeiro, mas proporciona uma cor semelhante. Essa opção é moderna e não fazia parte das versões históricas.
3. Dicas Extras para um risoto perfeito:
- Finalização adequada. Após desligar o fogo, finalize com manteiga e, quando apropriado, com o queijo escolhido. Risotos leves, especialmente os de peixes e frutos do mar, devem ser finalizados sem queijo ou com variedades mais suaves. Esse é também o momento certo para incorporar ingredientes que precisam ser servidos praticamente frescos, como frutas ou folhas delicadas.
- Al dente. A expressão italiana refere-se ao ponto ideal de cozimento, quando o alimento está firme, mas não duro. No risoto, assim como em massas e legumes, o grão deve ficar cozido por fora, mantendo leve resistência no centro.
- Variedade de ingredientes. O risoto aceita carnes, peixes, aves, queijos, verduras, legumes e até frutas. Cada ingrediente, porém, deve ser adicionado no momento adequado, respeitando seu tempo de cocção. Cogumelos crus, por exemplo, podem entrar no início do preparo; já folhas delicadas, como rúcula, devem ser acrescentadas apenas na finalização, para preservar textura e sabor.
- Cremosidade na medida certa. A textura característica do risoto depende da liberação gradual do amido. Para isso, adicione o fundo aos poucos e mexa o arroz durante todo o cozimento, em movimentos circulares, suaves e de baixo para cima. Esse cuidado evita quebrar os grãos e garante a cremosidade desejada.
- Ponto ideal do arroz. O risoto está no ponto quando o grão está macio, porém ainda firme no centro. Para verificar, pressione um grão sobre uma superfície lisa: se o miolo estiver branco, ainda não está pronto. Quando o interior estiver translúcido, sem o núcleo branco, o arroz atingiu o ponto ideal, cozido por fora e levemente resistente por dentro.
Eu sou graduada e pós graduada na área de gastronomia e compilei todos os anos de estudo em apostilas que estou transformando em um livro “Diário da Gastronomia. De Tudo… Um Pouco.” (Para saber mais acesse a página A Gastrônoma, A Autora, A Terapeuta, A Multiface). Através deste site postarei informações importantes que contribuirá para aumentar o conhecimento dos leitores na área de gastronomia A parte teórica pode ser encontrada na página “Conceitos e Teorias“. Quanto à prática, os leitores podem ir treinando com as “Receitas” postadas. Todas as receitas foram previamente testadas.
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